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A maior jogadora da WNBA de todos os tempos

A imprensa esportiva norte-americana, assim como a sua contraparte brasileira, está sempre envolvida em debates que não vão levar lugar nenhum e que possuem um único motivo de existir: criar manchetes que vão gerar engajamento nas redes sociais – os famigerados click baits (ou isca de cliques, em um português selvagem). Nenhum clickbait é mais usado que o debate sobre quem foi o melhor de todos os tempos e nenhum esporte exauri cada gota dessa polêmica com mais vontade do que a NBA.

O debate de quem é o GOAT (greatest of all time ou melhor de todos os tempos) sempre existiu, mas desde que LeBron James conseguiu a façanha de levar o time da sua cidade natal, a amaldiçoada Cleveland, ao primeiro título da NBA, esse discussão ganhou ainda mais força e, obviamente, muitos cliques.

Mas na NBA, assim como no futebol mundial e até no próprio futebol com as mãos, existe uma resposta certa, mesmo com as redes de tv e sociais desejando que essa polêmica nunca acabe (a saber, Pelé, Michael Jordan e, infelizmente, Tom Brady). Porém em uma liga tão jovem e com a história sendo reescrita a cada jogo, como é o caso da WNBA, o caso é outro.

Apesar da própria liga ter definido quem foi a GOAT dos seus primeiros 25 anos de existência através de votação popular, no caso da WNBA essa discussão é bem mais necessária e possui muitas nuances. Isso porque, ao contrário dos outros esportes citados, um grande número de atletas pode reivindicar esse título.

Nesse artigo vamos apresentar as credenciais de cada uma delas para que você decida quem foi a melhor jogadora de todos os tempos da WNBA (até agora).

Cynthia Cooper

A maior jogadora da WNBA de todos os tempos

Na NBA, a discussão entre quem foi o melhor jogador de todos os tempos é basicamente uma disputa entre o melhor jogador em um determinado período de tempo contra o melhor jogador pelo maior tempo possível. Jordan jogou 6 finais em 8 temporadas (as outras duas ele estava se aventurando no beisebol) e venceu todas. LeBron jogou 8 finais seguidas, venceu apenas 3, mas teve uma carreira muito mais longeva e de dominância.

É em uma discussão parecida que as credenciais de Cynthia Cooper se apresentam. Quando a primeira temporada da WNBA foi inaugurada, em 1997, Cynthia já estava com 34 anos e com uma carreira consolidada. Ela havia participado do lendário time da Universidade do Sul da Califórnia (USC) que dominou o esporte na metade dos anos 80 e a falta de uma liga profissional norte-americana fez com que ela fizesse uma carreira brilhante na Europa até essa nova tentativa de profissionalização do basquete feminino nos EUA.

Veterena, quando chegou na NBA ela chegou chegando. Foram basicamente quatro temporadas com o Houston Comets (time que, infelizmente, não existe mais), já que na quinta temporada ela participou de apenas 4 jogos e aos 40 anos foi mais uma turnê de despedida do que qualquer coisa.

Nessas 4 primeiras temporadas, ela foi a melhor jogadora do time (ao lado da ótima Sheryl Swoopes) que conquistou os 4 primeiros títulos da WNBA, sendo MVP das finais em 2 desses feitos. O que levou a pergunta de como seria a carreira de Cheryl se a liga tivesse sido criada antes. Seria dominante como o pequeno exemplo que pode ser visto ou aquele time de Houston era apenas o time certo na hora certa?

Tamika Catchings

A maior jogadora da WNBA de todos os tempos

Se a discussão sobre melhor jogadora de todos os tempos se resumir a títulos, Tamika não tem muita chance, afinal nas 14 temporadas que jogou na WNBA – todas pela mesma equipe, o Indiana Fever – ela só conquistou 1 título em 2012, único da franquia até o momento. Em termos de MVP da liga também apenas 1, em 2011. Mas para quem a viu jogar, a sua participação nesse debate é completamente justificada.

Vinda da prestigiada Universidade do Tennessee, uma das equipes mais vencedoras do basquete universitário feminino, Catchings possuía um jogo que chamava a atenção não só pela quantidade de pontos que fazia (terceira na história até o momento), mas também pela sua defesa, ainda hoje a líder em roubadas de bola e com larga vantagem sobre a competição, e quinta colocada no total de rebotes.

O grande problema de Tamika não foi o seu jogo, mas seu elenco de apoio, ao contrário das outras postulantes ao título de GOAT que sempre tiveram ao seu lado grandes jogadoras que as ajudaram a conquistar mais títulos, Tamika teve que levar o time de Indiana nas costas por anos, tanto que depois de sua aposentadoria a equipe só teve uma temporada com mais de dez vitórias – em 2019 – e vive em um projeto eterno de reconstrução.

Diana Taurasi

A maior jogadora da WNBA de todos os tempos

Como foi dito antes, a WNBA realizou uma pesquisa popular nas internets para decidir quem foi a melhor jogadora dos primeiros 25 anos da liga. Diana Taurasi, amadora com ascendência argentina-italiana, uma vez MVP da liga e 3 vezes campeã, foi a vencedora na votação. 

Aqueles que não acreditam em DT como a melhor jogadora utilizem o fato de que sua carreira, em comparação com a de Tamika, foi muito parecida em conquistas, apenas que a jogadora do Fever sempre teve que lidar com companheiras de time bem inferiores. 

Já aqueles que acreditam que Diana é a melhor jogadora até agora utilizam o fato de sua longevidade, muito parecido com o argumento de LeBron, afinal ela continua aí na ativa, aos 41 anos e causando (além disso ela é amiga de LeBron, usando a marca de tênis do jogador da NBA e participou como um dos monstrinhos do último e esquecível Space Jam).

O fato é que DT ganhou muita força no imaginário popular, especialmente após as últimas performances em playoffs, mesmo com o último título vindo em 2014, os playoffs contra o Seattle Storm e sua antiga colega de Universidade de Connecticut e Europa, Sue Bird, fizeram que Diana ganhasse a admiração de toda uma geração de torcedores da WNBA. O fato de ser disparada a maior cestinha da história da liga também ajuda.

Candace Parker

A maior jogadora da WNBA de todos os tempos

Se as jogadoras anteriores são conhecidas pela alta pontuação, Candace Parker é conhecida por fazer de tudo um pouco, pegar rebotes, fazer bons passes, ótima defesa e, é claro, ótima pontuadora. Também vindo da Universidade de Tennessee, Candace já era um fenômeno antes de pisar nas quadras da WNBA. Quando pisou foi um arraso.

Única jogadora da história a vencer um título de MVP em sua temporada de novata, ela venceu o prêmio de melhor jogadora da temporada ainda mais uma vez. Mas são seus feitos na conquista de campeonatos que chamam a atenção.

Em 2016 ela foi uma das principais nomes (junto com Nneka Ogwumike) do terceiro título do Los Angeles Sparks, que há mais de dez anos não levantava a taça. Mas o time de Los Angeles nunca foi conhecido pela sua boa organização e a chegada do ex-jogador do Los Angeles Lakers (e best do Kobe Bryant) Derek Fisher como técnico criou atritos entre o clube e a jogadora que voltou para a sua cidade natal, Chicago.

Resultado, no primeiro ano como jogadora do Chicago Sky ela já levou o time do Sky ao primeiro título da história do clube. E depois de um ótimo segundo ano no clube, ela se juntou ao supertime do Las Vegas Aces, grande favorito ao título e que vem patrolando os adversários em 2023.  Além de ótima jogadora, Candace é uma ótima analista, participando dos pré-jogos da NBA na TNT norte-americana e, apesar de seus 37 anos, ainda não deu indícios que vá parar tão cedo.

Maya Moore

A maior jogadora da WNBA de todos os tempos

Se Diana e Candance continuam aí jogando, confiáveis como a chegada do dia e da noite, Maya Moore é um astro diferente. Dizer que ela foi uma estrela cadente não faria jus a sua performance dentro e fora das quadras. Ela foi uma explosão.

A carreira de Maya na WNBA foi curta, apenas 8 temporadas, porém enquanto estava atuando, esteve vencendo: 4 campeonatos com o Minnesota Lynx, 3 MVPS e 6 All-stars. Apesar de rodeada de outras grandes jogadoras (Sylvia Fowles, Rebekkah Brunson, Seimone Augustus e Lindsay Whalen) ela era o principal nome desse time que venceu constantemente as outras jogadoras dessa lista (com exceção de Cooper).

Em 2019 Maya declarou que não iria participar da temporada da WNBA e que iria voltar seus esforços para libertar Jonathan Irons, jovem que havia sido condenado injustamente a 22  anos de prisão. Essa sua luta por justiça aconteceu em um momento crítico da história recente norte-americana, com a crescente discussão da violência policial contra a população negra do país.

Mas o final dessa história, pelo menos o de Maya Moore, foi feliz. Após muita luta, Iron foi libertado em 2020 e logo após os dois se casaram (o romance entre os dois, que já durava anos, nunca havia sido anunciado publicamente) e a jogadora anunciou sua aposentadoria das quadras em 2023.

Essas são as principais nomes, porém os próximos anos podem trazer novas jogadoras para essa disputa, Breanna Stewart e A’ja Wilson são algumas das candidatas que podem entrar nessa briga nas próximas temporadas, tamanho é o impacto delas na quadra, já nomes como Aliyah Boston, Caitlin Clark e Angel Reese mal estrearam na WNBA ou ainda nem botaram os pés nas quadras da liga, mas possuem um futuro brilhante dentro delas. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Para outros textos sobre basquete feminino, basquete em geral e discussões em que não existe uma resposta certa, acesse o restante do blog

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