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Polêmica: as 21 melhores músicas de Leonard Cohen segundo especialistas (eu)

Leonard Cohen é uma religião? Sim. E assim como outras religiões sua palavra deve ser pregada. E, para facilitar a entrada de mais fiéis, foi criada essa lista. Assim como na catequese você teve que comprar aquele livrinho com os greatest hits da Bíblia, estes são os melhores momentos de leozinho, na minha humilde opinião ye devota opinião:

Going Home

Essa música inaugura a fase “terceira idade vivo devagar pois já tive pressa” de Leonard. Cantando com um fiapo de voz, Leonard só quer ir para casa. E quem não quer? Nessa época o cantor contribuía com a ideia de que o idoso era sábio (e ele era), mas que foi destruída com a chegada do whatsapp.

He wants to write a love song
An anthem of forgiving
A manual for living with defeat

I’m Your Man

Engana-se quem pensa que essa é uma música de um Leonard sedutor cafajeste, meio Wando, que lê poesia do Bukowski e se acha um Peak Blinder da terceira idade. Esse é mais um pedido de socorro, onde o cantor se humilha para ficar junto com sua amada. Um romântico.

Or I'd crawl to baby
And I'd fall at your feet
And I'd howl at your beauty
Like a dog in heat

Lover, Lover, Lover

Leonard está constantemente misturando músicas com os temas religião e sexo, camuflando um assunto com os termos de outro. É o que acontece com lover, lover, lover. Para uma versão detalhada dessa obra prima assista o ótimo vídeo do canal Meteoro sobre o assunto.

And may the spirit of this song
May it rise up pure and free
May it be a shield for you
A shield against the enemy...

Sing Another Song, Boys

Uma música para cantar com os parça no boteco? Bem difícil, já que ela não tem refrão, apenas uma sucessão de cenas e analogias que vão se acomulando até o momento de cantar outra vez com vários la-la-las. A versão original foi gravada ao vivo no festival da ilha de Wight, uma apresentação tão importante que muitos anos depois foi lançada inteira em disco e documentário.

Ah, they'll never, they'll never ever reach the moon, 
At least not the one that we're after.

Hallelujah

Quem nunca teve aquela colega de trabalho ou vizinho, que fala em línguas, cantando em plenos pulmões uma versão PT-BR da Aline Barros dessa música. Mal sabem eles que a versão original não tem nada de religioso (pelo menos não a versão Jesus com metralhadora pentecostal da religião), mas diversas referências sobre amor, solidão e sensualidade. Clássico.

She tied you to a kitchen chair
She broke your throne, and she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah

The Future

O futuro para Leonard não é nada esperançoso. Talvez ele não estivesse numa fase muito boa, Los Angeles no final dos anos 80 com todas aquelas bandas de hair metal não fariam bem para qualquer um. E esta é uma música bem animada, até você prestar atenção na letra.

And all the lousy little poets
Coming round
Tryin' to sound like Charlie Manson
Yeah, the white man dancin'

Story of Isaac

Essa versão da história de Abraão e Isaac contada, pela visão do filho, é uma das mais potentes e, ao mesmo tempo, singelas demonstrações de como Leonard lidava com as questões de fé e religião  logo no começo de carreira. Ao longo dos anos ganhou muitas versões, a minha preferida é a da Suzanne Vega feita para um tributo com uma da melhores capas de todos os tempos (só que não).

You were not there before, 
When I lay upon a mountain 
And my father's hand was trembling 
With the beauty of the word.

Hey, That’s No Way to Say Goodbye

Quase uma canção-irmã de So Long Marianne, sobre a relação entre Leonard e Marianne Ihlen, companheira do cantor na época, e sua inevitável separação. É uma despedida rápida, quase uma fuga dessa fase da vida de Leonard, que logo se tornaria muito famoso em seu bairro.

I loved you in the morning, our kisses deep and warm
Your hair upon the pillow, like a sleepy golden storm

The Guests

Depois de uma experiência desastrosa quando gravou um disco (bem marromeno) com Phil Spector, Leonard voltou em grande estilo em Recent Songs (1979). Essa canção sobre os convidados de um baile (que, por algum motivo, me lembra o Grande Gatsby) vai se repetindo em versos e refrões formando quase um mantra, antecipando a fase monge budista de Cohen do final dos anos 90.

And those who dance, begin to dance
Those who weep, begin
And welcome, welcome cries of voice
Let all my guests come in

If It Be Your Will

Nesse disco de 1984, Leonard inaugurou sua fase cãozinho dos teclados, que seguiria por mais três álbuns. O próprio cantor considerava as músicas desse disco como salmos. Para ouvir e se converter facilmente.

In our rags of light
All dressed to kill
And end this night
If it be your will

Everybody Knows

Um precursor do clássico Xibom bombom das meninas, ou seja, uma crítica ao sistema e todas as suas incongruências, tema que de diversas canções dessa fase euro-dance do final dos 80 e começo dos 90 de Leonard.

Everybody knows the fight was fixed
The poor stay poor, the rich get rich
That's how it goes
Everybody knows

Different Sides

Não sei exatamente o porquê, mas essa é uma das minhas músicas preferidas da última fase do cantor. Talvez seja o teclado de churrascaria, talvez seja as backing vocals. A impressão que passa é que ele só queria sair pra jogar um dominó com os meninos, mas a parceira não estava deixando. Consigo entender os dois lados.

You want to live where the suffering is
I want to get out of town
Come on, baby, give me a kiss
Stop writing everything down

Steer your way

Na minha opinião essa é a despedida de Leonard. Penúltima música (a última é só uma reprise instrumental) do último disco lançado em vida, ela serve como uma carta de despedida e ela é, obviamente, perfeita como não poderia deixar de ser.

They whisper still, the ancient stones
The blunted mountains weep
As he died to make men holy
Let us die to make things cheap

Closing Time

Isso aqui, isso aqui é uma loucura. É um inferninho, é um pub de cerveja diferenciada, é um bar com cachacinha artesanal, é um fórum espaço bar onde o vício é dançar. É toda a vibe da carreira do Matanza sem a necessidade de violência e gritaria, ou seja, homens calvos de meia idade com motocas. Vocês sabem de quem eu estou falando…

Yeah we're drinking and we're dancing
But there's nothing really happening
And the place is dead as heaven on a Saturday night

So Long, Marianne

Quem nunca se juntou às backing vocals de Leonard e se despediu de Marianne a plenos pulmões? Provavelmente muita gente. Muita gente que está vivendo errado. Esta carta de despedida é uma homenagem a uma das personagens mais significativas da vida do Leo, a ponto de ganhar um ótimo documentário disponível nas melhores plataformas.

For now I need your hidden love
I'm cold as a new razor blade
You left when I told you I was curious
I never said that I was brave

You Know Who I Am

Leonard constantemente faz referências religiosas com assuntos amorosos-sexuais, e por isso essa canção pode ser sobre uma infinidade de coisas, afinal você não sabe quem ele é, pois cada um possui essa versão de uma entidade superior.

Sometimes I need you naked,
Sometimes I need you wild,
I need you to carry my children in
And I need you to kill a child.

Tower of Song

Leonard inicia aqui a fase “muito velho pra essa palhaçada” que seria a marca dos últimos discos (quando, obviamente, estava ainda mais velho (não brinca?)). Porém Leonard tá velho, mas não tá morto e ainda quer fazer uma baguncinha. O destaque fica para o solo de teclado Cássio que bota o Richard Clayderman no chinelo.

Well, my friends are gone and my hair is grey
I ache in the places where I used to play
And I'm crazy for love but I'm not coming on
I'm just paying my rent every day in the Tower of Song

Chelsea Hotel No. 2

Tirem as crianças da sala, pois essa música fala de séquissu, e não amorzinho comum, mas com uma celebridade. Leonard narra a época em que morou no Chelsea Hotel, local de refúgio de diversos artistas nos anos 60 e 70, entre eles Janis Joplin, que foi a inspiração para essa canção para artistas desajustados aproveitando bons momentos e bons drinks.

I remember you well in Chelsea Hotel
You were famous, your heart was a legend
You told me again you preferred handsome men
But for me you would make an exception

Anthem

Se a primeira música desse disco (The Future) é o retrato de um Leonard pessimista, essa é justamente o contrário, praticamente uma oração sobre esperança. Difícil de explicar de tão maravilhosa.

Ring the bells that still can ring
Forget your perfect offering
There is a crack, a crack in everything
That's how the light gets in

Suzanne

Leonard já chega chegando, começa começando logo na primeira música do primeiro disco. Como todos sabem (TODOS SABEM), ele lançou esse disco depois de lançar um romance, um punhado de livros de poesia e de ter comprado seu primeiro imóvel no “minha casa minha vida” em uma ilha da Grécia. Jesus aparece andando sob a água e assustando marinheiros náufragos, mas o mais impressionante é que a Suzanne da música não é a Suzanne com a qual ele casou por dez anos e teve filhos. Impressionante.

And just when you mean to tell her that you have no love to give her
Then she gets you on her wavelength
And she lets the river answer that you've always been her lover

Famous Blue Raincoat

Uma confissão. Essa foi a primeira música do Leonard Cohen que eu gostei, mas não foi na versão original e sim numa cover da Tori Amos. Obviamente, eu já havia ouvido falar dele (give me a Leonard Cohen afterworld) e ouvido alguma coisa por cima, mas essa versão me fez ir atrás do seu trabalho. Leonard escreve essa carta em forma de canção para um amigo/rival que disputa a atenção de Jane. O clima é frio, úmido, de uma Nova York que me lembra a trilogia da Crucificação Encarnada de Henry Miller. Perfeição.

Well I see you there with the rose in your teeth
One more thin gypsy thief
Well I see Jane's awake
She sends her regards

Para mais listas emocionadas sobre cantores-compositores e outros gêneros musicais praticamente extintos, acesse o restante do blog.

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