Logo Cohenismo

História da NBA:  A guerra de emojis (emoji war) de 2015

A internet, como todo mundo sabe, parece que veio para ficar. E q uem também, pelo que parece, não vão sair de nossas vidas tão cedo são as redes sociais. É só uma morrer (como o saudoso Orkut) que logo outras três piores tomam seu lugar (geralmente qualquer coisa criada comprada pelo Facebook).

Porém dentro dessas redes sociais tão famosas vão se criando nichos bem específicos, como as comunidades no Orkut, os grupos de vendas de coisas usadas no Facebook ou os anúncios no instagram que, na maioria das vezes, são esquemas de pirâmide. No twitter não é diferente, ainda mais agora que foi comprado por certas pessoas que, em nome da liberdade de expressão, está permitindo a volta de todo supremacista branco (e similar) para a plataforma.

Porém existe um nicho que, por vezes é recheado de ideia errada, nos presenteia com boas risadas e ótimos memes. Nesse caso, não estamos falando do twitter PT-BR-HUE-HUE, vencedor com folga de diversas guerras memeais, mas de algo semelhante em termos de alegria e ousadia, é o famigerado NBAtwitter.

NBA, esse grande reality show

Em se tratando de esportes para quem não gosta de esportes, a NBA é a melhor opção, não a toa jogadores e ex jogadores participaram de diversos reality shows – Keep with the Kardashians, The real housewives e, obviamente, Nba wives – porém para quem não gosta de ver uma pessoa sentada em uma sofá dando sua opinião sobre algo que aconteceu e que foi minuciosamente coreografado para simular alguma situação dramática, a opção de acompanhar os dramas da NBA pelo Twitter é a melhor.

O drama, oh o drama, ele está em todos lugares: são jogadores que não se gostam, que não gostam dos técnicos, que supostamente tiveram caso com uma jornalista na “bolha” de Orlando, que ficaram com a esposa do coleguinha. São pedidos para serem trocados de time, para terem o salário aumentado, para que determinado técnico seja demitido. São jogadores que gravam o colega de time contando como traía uma famosa cantora pop quando jogava partidas fora de casa, são vários jogadores brigando por uma Kardashian-Jenner (tanto para ter, quanto para devolver) e assim vai.

Nesse ambiente de puro suco dramático sem motivo, não participam apenas os jogadores e comissão técnica, mas toda uma biosfera que vai desde aquele jogador sem expressão e que, na maioria das vezes, só esquenta o banco, mas que gosta de soltar um tuíte malicioso, passando porém excelentes criadores de memes, jornalistas cheios de piadolas e é claro, nós o povão.

A guerra de emojis

Como qualquer série, esse grande reality chamado NBA, teve grandes momentos, mas talvez nenhum seja tão emblemático quanto aquele ocorrido no período de contratações de 2015 (free agency para os íntimos).

DeAndre Jordan era na época um dos principais pivôs da liga. Junto com o armador Chris Paul (Chris Paul para os íntimos), o ala-pivô Blake Griffin e uma boa turma de coadjuvantes, eles transformaram o Los Angeles Clippers, essa espécie de Portuguesa do basquete, de piada recorrente à concorrentes ao título. E nas temporadas anteriores eles chegaram muito perto.

História da NBA:  A guerra de emojis (emoji war) de 2015

Porém existia um(s) problema(s): Chris Paul é conhecido por ser uma das maiores malas da história da NBA. Não aquele mala clássico que solta piadas sem graça e deixa todo mundo desconfortável, mas o tipo de mala que geralmente é associado a descrição do signo de Virgem: organizado, detalhista, impaciente e, mais importante, crítico. Que fique bem claro que o senhor Paul não é nativo desse signo perfeito, ele tem todos esses defeitos por conta própria. DeAndre Jordan, notavelmente um boa praça, daqueles que curte um pagode no fundão do ônibus, estava cansado do colega de time e pretendia assinar com outro clube. E então a guerra começou:

No dia 3 de julho de 2015, o jornalista Marc Stein, então na ESPN, tuitou que DeAndre Jordan estaria assinando com o Dallas Mavericks, equipe do seu estado natal, o Texas. Pessoal de Los Angeles ficou chateado, mas pareciam tranquilos com a decisão: é de dois dias depois uma das fotos mais famosas do NBAtwitter, o Banana Boat: Chris Paul, LeBron James, Dwyane Wade e a esposa Gabrielle Union – todos bests – curtindo umas férias. Chris Paul parecia tranquilo, todos estavam tranquilos.

Porém algo aconteceu nos dias seguintes. Jordan começou a ter dúvidas se deveria assinar mesmo com o time de Dallas, afinal os Clippers tinham grandes chances de conquistar o título: Paul era um mala, mas ao mesmo tempo era um gênio e Blake estava na sua melhor fase.

O primeiro emoji surgiu com o ala do Dallas Mavericks, Chandler Parsons, apenas uma carro, ele estava en route para convencer Jordan a assinar com o time dele.

Blake, vendo esse desaforo, resolveu agir, tuitou emoji de um avião, um helicóptero e um carro. Ele também estava a caminho para convencer DeAndre a voltar para o seu time.

Chris Paul tuitou uma banana e um barco, ele estava indo com a galera do banana boat convencer o colega a ficar?

Paul Pierce, veterano no basquete e na criação de memes para a NBA, também se mostrou um veterano com a tecnologia e tuitou a foto de um emoji de foguete (?).

O assistente técnico dos Clippers, Mike Woodson, pelo jeito estava indo nadando.

E o filho técnico e também jogador dos Clippers, Austin Rivers, pelo jeito só ia olhar e não falar nada.

Bem bonitinho até agora né, um monte de marmanjo tuitando emojis. O problema é que a história não para por aí.

A comissão técnica, jogadores e o dono dos Clippers, Steve Ballmer, conseguiram chegar antes à casa de Jordan e passaram a noite tentando convencer o jogador a voltar para a equipe de Los Angeles. E eles fizeram isso basicamente mantendo o pivô refém. Segundo a imprensa, membros do Dallas Mavericks, do dono até os jogadores, foram impedidos de entrar em contato com DeAndre, inclusive confiscaram seu celular e não deram o endereço de sua casa para o outro time, para não correrem riscos.

Blake Griffin inclusive tuitou uma foto de uma cadeira impedindo a entrada de estranhos na mansão de Jordan.

E depois do local onde ficaria fazendo vigília para impedir a entrada dos inimigos. Tudo para garantir que o pivô renovasse com os Clippers.

Na madrugada de 9 de julho Paul Pierce tuitou a foto de Jordan assinando o contrato com o Clippers. Nesse meio tempo, trocentos jogadores, técnicos e times da NBA postaram emojis, a maioria deles sem entender muito bem o que estava acontecendo. A gurizada da internet foi a loucura, o caos no NBAtwitter fora instaurado.

Porém, apesar de todo o esforço de tuitar emojis sem contexto e fotinhas engraçadinhas, os Clippers não venceram nos anos seguintes e assim, um dos melhores times da década foi desfeito aos poucos: Chris Paul pediu para ser trocado e foi embora chatear ganhar em outros lugares, Blake Griffin pediu para não ser trocado e foi, Doc Rivers, o técnico foi demitido. E DeAndre Jordan?

Bom, ele terminou seu contrato com o Clippers em 2018 e assinou advinha com quem? Isso mesmo, com o Dallas Mavericks. Mas nessa altura da carreira ele já não era tão dominante e sua passagem foi bem apagada, e foi logo usado como moeda de troca ainda em 2019. Desde então passou a ser um veterano buscando vaga em alguns times com chance de título e, apesar de malemal conseguir se movimentar em quadra, vem conseguindo assinar com algumas equipes, muito por conta daquele pagodinho no fundão do ônibus.

Para mais posts sobre cultura jovem e emojis (que o verdadeiro jovem considera cringe) acesse o restante do nosso  blog para se deparar com conteúdos interessantíssimos como esse.

Para receber as novidades do blog, assine nossa newsletter

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Nos siga nas redes sociais
Compartilhe esse post

Acesse o projeto no padrim e nos ajude a continuar criando conteúdo de qualidade.

Ranking dos Mascotes da NBA
NBA
Cesar Mateus

O Ranking definitivo dos Mascotes da NBA. Uma análise fria e imparcial

Durante o longo período de existência desse blog alguns leitores fizeram alguns questionamentos instigantes como: Conhecedor dessas reclamações resolvi criar um artigo sobre um tema sério, relevante e controverso. Não, não vou escrever sobre o conflito Israel/Palestina, mas de um tema tão difícil quanto. E mais do que isso, não

Leia mais »
canções para conhecer Jeanne Cherhal
Música francesa
Cesar Mateus

10 canções para conhecer Jeanne Cherhal

Entre 2007 e 2010 estive em minha fase mais francófona e ela estava estritamente ligada ao fato de fazer aulas de francês. Porém algo que sempre me incomodou foi o fato de, ao contrário da língua inglesa, que adentrava minha rotina de diversas formas – filmes, séries, música e por

Leia mais »
The Soul Patrol - a histórica secundária do Oakland Raiders
Raiders
Cesar Mateus

The Soul Patrol – a histórica secundária do Oakland Raiders

A NFL – na maioria das vezes – é uma liga muito chata, tanto que por muitos anos proibiu comemorações extravagantes ou que envolvessem mais de um jogador, deixando um vácuo de diversão, como a possibilidade da criação de momentos históricos como a dança da bundinha e similares. Extremamente focada

Leia mais »
The Dreaming - O pesadelo percussivo de Kate Bush
Música
Cesar Mateus

The Dreaming – O pesadelo percussivo de Kate Bush

Tenho muitas ressalvas a série Bagulhos Sinistros (Stranger Things), a primeira é ela não ser lá grande coisa, a segunda é essa história de ela ter sido gerada pelo algoritmo do Netflix com base nos gostos dos usuários, criada para dar uma série exatamente como o jovem adulto nostálgico de

Leia mais »
Chandler Bing, um herói de nosso tempo
Séries
Cesar Mateus

Chandler Bing, um herói de nosso tempo (ou porque Friends é bom, às vezes)

Em algum momento do começo dos anos 10, comecei a ouvir essa frase com certa frequência: “minha vida daria um sitcom”. Uma frase absurda por si só, mas que se torna ainda mais absurda quando era proferida por frequentadores de inferninhos (quando estavam levemente alcoolizados), estudantes de faculdades sem qualquer

Leia mais »
Ranking dos uniformes da NBA: city edition 23/24
NBA
Cesar Mateus

Ranking dos uniformes da NBA: city edition 23/24

A crise, ela também é estética. E, obviamente, a culpa é do capitalismo. Eu explico. Ao contrário dos uniformes do futebol que, mesmo trocando ano a ano, ainda são baseados em um design original, ou seja,  apenas alguns detalhes mudam, os uniformes da NBA possuem uma expectativa de vida. Alguns

Leia mais »