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Marine Johannès: um pequeno tributo a MJ francesa

Um recente tuite (ou xuite) de LeBron James me deu o ponto de partida para falar sobre um assunto que há tempos vinha pensando em como abordar: Marine Johannès. E apesar de usar a número 23 em homenagem a Michael Jordan, é outro com outro MJ que ela é às vezes comparada.

O jogador dos Lakers, como bom casual que é (e sempre procurando atenção, um dos grandes cookeiros do esporte), estava assistindo in loco a primeira partida das finais da WNBA entre o Las Vegas Aces e o New York Liberty. E o que ele viu, pelo menos no primeiro tempo, já que no segundo o Aces venceu com certa tranquilidade, foi um show de Marine.

Arremessando de três, em movimento, pulando com apenas uma perna (jogada  que qualquer técnico de basquete vai desencorajar devido a sua dificuldade e porcentagem de acerto) Marine acertou quatro bolas de três, botando fogo no jogo e colocando uma pulga atrás da orelha do torcedor do Liberty. Por que ela jogou tão pouco nos playoffs desta temporada?.

Mas eu não sou um modinha que nem o LeBron, venho acompanhando a W de perto há pelo menos umas seis temporadas e já tinha Johannès entre as minhas cinco preferidas da liga (a saber Marine, Brittney Sykes, Kahleah Copper, Breanna Stewart e Alyssa Thomas, Alysha Clark vindo do banco) e não foram os arremessos de três que me chamaram a atenção, mas sim os passes.

Porém, para falar dos passes de Marine é preciso invocar outra armadora de origem europeia e que fala um potuguês menos divertido, Ticha Penicheiro.

Ticha Penicheiro e outros contos

Patrícia “Ticha” Nunes Penicheiro foi uma armadora portuguesa de muito sucesso no começo da WNBA. Ela jogou 15 temporadas, com destaque por sua passagem no Sacramento Monarchs, franquia que, infelizmente, não existe mais.

Mas o que chamava a atenção no jogo de Ticha (e por consequência no de Marine) não era o fato de ela passar muito bem, mas de ela transformar jogadas simples em formas de arte e esse sempre foi um dos meus atributos preferidos em um jogador de basquete.

Se não o primeiro, o maior exemplo na execução desse tipo de passe foi Magic Johnson, que baseou sua (relativamente) curta e (extremamente) vitoriosa carreira em contra ataques em que as assistências surgiam de lugares inimagináveis, como passes de mágica.

Outro jogador que merece destaque é Jason Williams. Apesar de não ter o mesmo sucesso de Magic em relação a títulos (Magic é top 10 da história, se não top 5 e com certeza top 1 no meu coração), o armador conhecido como white chocolate também era conhecido por passes cheios de estilo e jogadas mirabolantes. A parte mais legal, é que ele e Ticha jogaram na mesma cidade por um período, quando Jason fazia parte de um jovem e promissor time do Sacramento Kings.

Ou seja, o caminho para uma armadora europeia cheia de flair já estava traçado, bastava surgir uma nova postulante o título.

La Magicienne

Com 28 anos, Marine Johannès já tem uma longa trajetória no basquete feminino, afinal, como acontece com muitos atletas europeu, ela se profissionalizou cedo, com apenas 16 anos. Porém foram nas suas duas últimas equipes que ela se destacou.

Marine Johannès: um pequeno tributo a MJ francesa

No seu país natal, Marine joga pelo Lyon ASVEL, equipe cujo dono não é nada mais nada menos que Tony Parker, o jogador de basquete francês mais vitorioso da história. Lá ela recentemente conquistou títulos nacionais e o foi a principal jogadora da equipe que venceu a Eurocopa feminina, segunda competição em importância no calendário feminino europeu.

Já na WNBA sua participação começou tímida. Ela passou pelo draft sem ser escolhida por nenhuma equipe da W, mas seu desempenho na Europa a levou a um contrato do New York Liberty. Na temporada 2019 jogou apenas 19 partidas em uma equipe que estava fazendo de tudo para ser uma das piores da competição (e conseguiu).

Mais madura e colecionando sucessos europeus, Marine voltou ao Liberty para a temporada 2022 e brilhou e foi aqui que ela me chamou a atenção. Arremessos de três desequilibrados, passes de um olho no gato ou outro no peixe e dribles desconcertantes.

Para a temporada 2023, o Liberty montou um supertime, trazendo 3 das melhores jogadoras da liga, a supracitada Breanna Stewart (que foi escolhida a MVP da temporada), Jonquel Jones e Courtney Vandersloot. Como uma equipe recheada de talentos como Marine faria para destacar?

Marine Johannès: um pequeno tributo a MJ francesa

Exatamente da mesma forma que nos outros anos. Vindo do banco na maioria dos jogos, ele se tornou uma espécie de coringa, capaz de mudar os rumos de uma partida em poucos minutos.

Extremamente tímida fora de quadra e sem muita segurança em relação ao domínio do inglês, ela contou com um tradutor para a entrevista no intervalo do mesmo jogo que LeBron tuitou, o que chamou a atenção dos telespectadores que ainda não conheciam a magia de Johannes.

Obviamente Marine não é a jogadora perfeita, ela deixa a desejar em muitos aspectos, especialmente o defensivo, não à toa é reserva no seu próprio time (na W, na Europa ela manda e desmanda), mas com o anúncio da expansão da WNBA em 2025, com uma (ou mais) equipes adentrando entrar na liga, talvez tenhamos a oportunidade de ver Marine titular incontestável, fazendo mágica e levando seu time a vitórias através de seu idioma principal, o basquetebol.

Para mais conteúdos sobre WNBA e basquete feminino, acesse o restante do blog, sempre cheiroso e limpinho.

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