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Os 10 melhores discos de metal de 2022

Qualquer um que escute Heavy Metal/Hard Rock por algum tempo é introduzido ao nobre costume de fazer listas. Desde 2005, ano em que eu comecei a escutar os ditos gêneros, minhas conversas com amigos frequentemente são sobre os 10 Melhores Guitarristas, as 10 Melhores Músicas de Metal (nos seus quase infinitos subgêneros), os 10 Piores Cabelos do Glam Metal da Década de 80 (o meu primeiro lugar e sempre dedicado a Jim Gillete do Nitro e que costuma ficar na primeira posição do Top 10 Piores Bandas), só para citar alguns exemplos.

Mas, dentre as milhares de possibilidades de Top 10, o mais nobre talvez seja o Top 10 Melhores do Ano.

Escutar discos e bandas novas é essencial para a manutenção do meu gosto musical. Não só o musical, na verdade. Isso vale para livros, gibis, filmes. Sem sombra de dúvidas eu não sou um vampiro que vive de sangue coagulado. Não dá, eu morreria de tédio!

E os dez melhores sangues novos de 2022, segundo esses que vos escreve, são:

10 – Bloody Hammers: Washed in the Blood

Os melhores discos de metal de 2022 - Bloody Hammers_ Washed in the Blood
Para fãs de Rob Zombie e Misfits.

 O Bloody Hammers foi fundado em Transylvania County, Carolina do Norte, EUA (o que já dá uma forte dica do som praticado pela banda) no ano de 2010 por Andres Manga, dono incontestável da banda. Anders faz tudo: canta, produz, grava todos os instrumentos e conta com a esposa, Davallia, nos teclados quando a banda toca ao vivo. 

Mas falando de Washed in the Blood, seu sétimo disco de estúdio, especificamente: o som é um Hard Rock, misturado com Gothic e Doom Rock, bem encorpado. Os riffs de guitarra são fortes, o teclado “estilo filme de terror” é o responsável por climatizações interessantes (embora canse um pouco em alguns momentos), refrãos grudentos, com dobras de vocais graves, embalam as boas composições. 

As letras passeiam por temas macabros, satanismo Sessão da Tarde dos anos 1980/1990 e filmes de terror B. Sério, parece que o Zé do Caixão é o produtor dos caras.

Destaques Positivos: Black Sunday é uma tremenda faixa de abertura, Phantasmagoria (clipe e single), At Midnight I’ll Take Your Soul (olha o seu José Mojica aí!!!) mantém o nível alto das composições.

Destaques Negativos: Diferente do excelente The Summoning (2019) Washed perde pique no final. As últimas músicas acabam sofrendo de uma total falta de força. Eu fiquei com a sensação de que o Anders tinha coisas mais importantes para fazer (tipo colocar o lixo fora) e apressou algumas composições. Mas eu dou uma nota 8.5 para o disco. Passou de ano acima da média.

09 – Skid Row: The Gang’s All Here

Os melhores discos de metal de 2022 - Skid Row_ The Gang’s All Here
Para fã de Motley Crue e Guns & Roses.

A nota que eu vou dar no final vai parecer uma contradição, mas este disco fica na frente do Bloody Hammers por ser a ressurreição mais improvável do Hard Rock.

Depois da saída do icônico vocalista Sebastian Bach, o Skid Row entrou em um estado de letargia quase permanente. A banda lançou discos, fez turnês, mas nada disso parecia gerar qualquer interesse, por mais mínimo que fosse. Vários vocalistas passaram pela banda, sendo que o último, ZP Theart (Ex-Dragonforce. Sim, eu sei. Deixa quieto, não vamos tocar nesse assunto.) parecia ter cumprido o seu objetivo: enterrar sob sete palmos de concreto, cascalho e asfalto qualquer chance que a banda tinha de igualar clássicos como Big Guns, 18 and Live, Youth Gone Wild e In a Darkened Room.

Mas, contra tudo e contra todos, a Suécia soprou os ventos capazes de afastar esse inferno astral de quase 30 anos. 

Esse vento, um verdadeiro furacão mais que necessário, veio na encarnação de Erik Grönwall. Erik surgiu para o mundo da música pesada ao substituir o vocalista Kenny Leckremo na banda H.E.A.T, uma das principais bandas da nova geração do Hard Rock. Mas, a sua participação, e vitória, em uma das edições do Idol Sueco é que possibilitou o restante da história.

Após sair do H.E.A.T, enfrentar e vencer um câncer, Erik foi anunciado como novo vocalista de uma das suas bandas favoritas. É sério, ele cantou Skid Row no programa de talentos. 

A surpresa foi grande, mas nada comparado a que foi escutar o disco.

É impossível não ficar com a sensação de “o impossível aconteceu” quando se escuta The Gang’s All Here pela primeira vez. Todos os elementos que fizeram os dois primeiros discos da banda, Skid Row (1989) e Slave to the Grind (1991), serem o que são estão presentes aqui e embalas as 10faixas: músicas com personalidade, refrãos com pegada, riffs que você vai lembrar por um bom depois de escutar o disco, e o principal: uma voz que não vai fazer você implorar pelo playback da voz do Sebastian ao vivo.

Destaques positivos: A equipe de composição formada, primordialmente, pelos donos da banda Rachel Bolan (baixo) e Dave “The Snake” Sabo (guitarra) receberam alta do tanque de bateria em que estavam trancafiados com uma vontade danada de fazer boa música. A faixa de abertura, a refrãozuda Hell or High Water, seguida pela potente faixa título, criam um cartão de visitas poderoso. Not Dead Yet (seria esse um suspiro de alívio em forma de música?) e Nowerfast mantém o disco fluindo muito bem. Escuta-se um frescor, muito disso é culpa da voz forte e técnica de Erik.

Destaques negativos: é um disco que resgata muito dos dois discos citados anteriormente, os dois maiores clássicos e sucessos comerciais da banda, de uma forma que beira o autoplágio. Músicas como Time Bomb, Resurrected (auto análise musical) entre outras soam como sobras de estúdio de uma era de glórias. Nada contra isso, mas, para mim, soa diferente de músicas, como The Gang ‘s All Here, que tem a essência do grupo. Parece que uma parte considerável do disco foi feita para seguir a fórmula da banda, abandonando a essência rock n’roll de outros tempos.

Mas, The Gang ‘s All Here é merecedor de um sólido 8.0. Eu disse que iria parecer uma contradição, botar um disco com nota inferior na frente, mas o retorno dos mortos com um disco digno vale isso.

08 – Ghost: IMPERA

Os melhores discos de metal de 2022 - Ghost_ IMPERA
Para fãs de King Diamond e Blue Öyster Cult.

No quase longínquo ano de 2010, data de lançamento de Opus Eponymous, a patota liderada por Papa Emeritus I não me impressionou em nada

O som era pasteurizado, parecia criado por uma linha de montagem industrial de pro tools, o vocal era meloso e muito trabalhado no Melodyne pro meu gosto, e aquele vocalista de cara pintada, rodeado por músicos mascarados (os Nameless Ghouls) parecia uma paródia (pra não dizer plágio descarado e digno de um processo) de bandas que eu era (e continuo sendo) muito fã (King Diamond, Kiss e Alice Cooper, a critério de exemplo). 

Foi ódio à primeira vista.

E a minha impressão só piorou quando eles lançaram o disco Infestissumam, porque eu me senti enganado. A estratégia de marketing foi o anúncio do Papa Emeritus II e eu caí como um pato nela. Eu estava animado para escutar o disco, já que o vocalista seria outro. Eu comecei a pensar que era uma banda liderada por um dos instrumentistas e que tinha um certo conceito em torno dela e que a troca de vocalista tinha corrido por alguma questão envolvendo esse conceito.

 Ledo engano. 

Bastou a primeira frase de Per Aspera ad Inferi pra eu constatar que era o mesmo cara cantando, só tinham inventado essa pataquada de Papa Emeritus II como jogada publicitária de meia tigela. 

A minha indignação só aumentava com o quando a mídia especializada babava em cima daquela bandoca de quinta categoria, na minha opinião. Títulos como “Salvadores do Occult Rock”, subgênero que eu nem sabia da existência, “Herdeiros de Arthur Brown” entre outros só me afastavam mais e mais de Tobias Forge (que eu nem sabia quem era naquela época) e seus músicos contratados.

Só me restava uma pergunta: Por que o James Hetfield (Metallica) ficava usando a camiseta desses caras?

Mas nada como um dia depois de outro, como diriam as nossas vovós.

A dupla formada por Meliora e Prequelle mudaram a minha cabeça.

Esses discos vieram depois de uma briga judicial pelo nome da banda e mostraram que seu proprietário, o tal de Tobias Forge, sabia o que estava fazendo. Como eu não era um fã deles, o impacto foi tremendo. Eu vi uma evolução absurda, que só cresceu no disco resenhado aqui.

IMPERA é a consolidação dessa evolução lírica, melódica e instrumental. Parece que virou hábito Tobias apresentar músicas acima da média, que fazem uma mistura de Heavy Metal com pop music dignas de qualquer rádio.

Destaques Positivos: Spillways, Call Me Little Sunshine, Hunters Moon (minha favorita do disco) e a belíssima Respite On The Spitalfields embalam um repertório criativo e vigoroso. Os refrãos são feitos para você cantar aos berros por aí. É sério, paguem de loucos e tentem, vocês vão adorar.

Destaques negativos: Eu não senti o mesmo vigor nesse disco. Parece que Tobias achou o seu lugar de conforto e as repetições de fórmulas que deram certo em outros momentos da carreira da banda começaram a virar um par de muletas. Talvez seja hora de Tobias dar uma nova guinada. Mas nem isso tira o 8.5 mais que merecido.

07 – Evil Invaders: Shattering Reflection

Os melhores discos de metal de 2022 - Evil Invaders_ Shattering Reflection
Vai agradar muito os fãs da era Painkiller do Judas Priest.

Mais uma banda que abriu o olho e viu que era evoluir ou morrer. 

Os belgas de Leopoldsburg surgiram com o seu disco de estreia, o exagerado, barulhento e bagunçado Pulses of Pleasure no ano de 2015. O full-length sofre de um problema bem comum em bandas novatas: Joe (vocal e guitarra), Sam (guitarras), Senne (bateria) e Nico (baixo) não sabiam se teriam a chance de gravar um segundo disco de estúdio e inflaram o seu primeiro trabalho de estúdio com tudo o que eles achavam legal em seus ídolos: riffs desenfreados, gritos agudos, bateria explodindo e baixo rasgando. Mas isso só mostrou como uma banda novata geralmente se perde nas próprias influências e cria um pastiche de vida curta.

A longevidade da banda parecia curta, mas Feed Me Violence veio para mudar isso.

 O segundo disco dos caras é mais limpo e enxuto. Embora o vocal de Joe continuasse com uns vícios bem chatos: gritinhos agudos desnecessários em momentos inoportunos tornavam a audição um pouco difícil.

Contudo, a evolução gerou curiosidade e Shattering Reflection mostrou uma banda muito mais madura e preparada.

Destaques positivos: Hissing in Crescendo e Die for Me (minha favorita do disco) abrem o disco com uma sapatada!. In Deepest Black tem cara de uma quase balada, mas é um musicão de primeira. Assim como a selvagem Sledgehammer Justice e a climática Forgotten Memories.

Destaques negativos: a aprovação no ano letivo com um 8.5 não disfarça que a banda ainda está um pouco perdida. Uma vinheta, Realm of Shadows, quebra o clima e é totalmente descartável, e uma música instrumental, Aeon, são exemplos de que os belgas ainda estão em evolução.

06 – Amon Amarth: The Great Heathen Army

Os melhores discos de metal de 2022 - Amon Amarth_ The Great Heathen Army
Para pessoas que gostam de suecos gritadores.

Aqui eu tenho que começar dizendo duas coisas: primeiramente, trata-se de uma das minhas bandas favoritas. Segundamente, não sei se fica melhor que isso.

Quem acompanhou a carreira dos vikings sabe que eles começaram como mais uma banda de Death Metal e que a única coisa que os destacava era a temática viking nas letras. Os discos tinham todos os clichês de produção possíveis para o gênero: tudo abafado, com o som grave escondendo as melodias, capas toscas e amadoras que enterravam a banda no meio de mais umas cem gêmeas pavorosas.

Por sorte, eles começaram uma guinada sensacional no som e imagem deles. Isso foi por volta do início dos anos 2000, em discos como Versus the World e Fate of Norns, quando as melodias de guitarras dobradas e uma melhor produção sonora, trataram de enterrar o amadorismo proposital de um estilo praticamente congelado desde 1993.

A evolução foi crescendo até que eles lançaram o estupendo Twilight of Thunder Gods (2008). Detentor de uma única música ruim, Where Is Your God?, o disco parecia uma mistura de coletânea com Best Of de tão absurdo. Mas isso meio que virou uma praga, pois, desde então, a banda alterna entre um disco incrível e um mediano.

O alvo desta opinião está no ponto alto do ciclo.

Destaques Positivos: Get in The Ring, Find a Way or Make One, Dawn of Norsemen e Saxon and Vikings (que conta com a participação mais que especial do gigante Biff Byford da banda Saxon) mostram que a horda de Odin ainda tem fôlego para navegar. Mas. E sempre tem esse maldito “mas”.

Destaques negativos: Mas eu não sei se a sequência vai ficar alternada em discos excelentes e medianos. O 9.0 pode ser o presságio de um furacão capaz de naufragar o próprio Thor…

05 – Kreator: Hate Über Alles

Os melhores discos de metal de 2022 - Kreator_ Hate Über Alles
Você escuta o bom e velho Thrash Metal? Se sim, você sabe do que estou falando aqui.

Quando eu escutei Violent Revolution lá por 2006, eu sabia que estava diante de um gigante. Oriundo dos selvagens anos 1980, década de formação do Thrash Metal, o Kreator sempre foi um dos grandes do estilo. Discos que beiravam a perfeição, como Pleasure to Kill, provaram isso na enésima potência e sedimentaram uma carreira exemplar. Os inglórios, para o Heavy Metal, anos 1990 não foram exatamente prolíferos, muita coisa boa foi lançada, mas aquém do material da década anterior, fizeram com que o líder da banda tivesse que trabalhar dobrado para manter eles vivos. Mas quem é rei dificilmente perde a majestade e Mille Petrozza teve êxito na empreitada.

Hate Über Alles vem com uma missão ingrata: manter firme e forte uma sequência magnífica de lançamentos: Enemy of God, Hordes of Chaos, Phantom Antichrist e Gods of Violence lavaram a alma dos fãs por quase duas décadas de atividades ininterruptas. E eu fico feliz em falar que o irmão mais novo fez bonito.

Destaques positivos: a faixa título, Crush the Tyrants, Become Immortal, Midnight Sun e Pride Comes Before the Fall mostram o que a banda tem de melhor. Músicas criativas, variadas, com elementos fora da caixa (para a banda), mas mantendo a sua essência intacta.

Destaques Negativos: Aqui temos um  destaque negativo abstrato: o forte 9.0 faz do Kreator um dos melhores da turma, mas será que, no próximo disco isso vai se manter ou a banda e seu líder bateram em um desafio a altura?

04 – Parkway Drive: Darker Still

Os melhores discos de metal de 2022 - Parkway Drive_ Darker Still
Para fãs de guitarras modernas com formatos estranhos e afinações baixas.

Sabe aquele gênero, ou subgênero, de música que você não tem a menor química? Esse sou eu com o Metalcore. A mistura de vocal gutural com limpo, as guitarras plugadas em computadores e não amplificadores, as melodias puxadas para música eletrônica entre outras “modernidades” comuns ao estilo nunca me pegaram. Até que eu escutei Crushed do Parkway Drive. Pesada, bem cadenciada e puxada para um Metal mais tradicional, essa música me fez escutar a discografia dos caras. Mas eu não tinha encontrado o meu disco, aquele que me tornaria fã da banda.

Eis que eles lançam a bomba de adrenalina Darker Still. Pesado, com guitarras melódicas, letras fortes e bem boladas, o disco é uma obra de arte do caos. Tudo soa explosivo e violento.

Destaques Positivos: se Ground Zero, Like Napalm, The Greatest Fear, Darker Still, Land of the Lost e From the Heart of Darkness não te fizerem correr meia casa, batendo cabeça, gritando os refrãos e querendo socar as paredes tamanha a descarga de adrenalina, eu tenho uma notícia para te dar: você está morto.

Destaques negativos: Algumas músicas ainda seguem o estereótipo do Metalcore, mas nada que tire o poderoso 9.0.

03 – Dropkick Murphys: This Machine Still Kills Fascists

Os melhores discos de metal de 2022 - Dropkick Murphys_ This Machine Still Kills Fascists
Para fãs de irlandeses puxadores de briga.

Quando o Dropkick anuncia disco novo, um sorriso nasce automaticamente no meu rosto. A mistura de folk, música irlandesa e punk me ganhou desde o minuto zero. Signed and Sealed in Blood, 11 Short Stories of Pain & Glory e Turn Up That Dial entraram automaticamente para o Hall de Discos Favoritos desde que voz fala, e quando o trailer do novo disco saiu, eu já sabia que seria coisa boa. Viesse o que viesse.

Mas ele veio com uma peculiaridade: os meninos de Boston interpretariam as letras de Woody Guthrie. Woody ficou conhecido pelas suas músicas homenageando a classe operária, criticando o governo e “tecendo elogios” a figuras autoritárias e fascistas. Woody era um cronista do seu tempo, décadas de 1940 e 1950, e suas letras mostram tempos difíceis e de muita luta por parte daqueles que viviam uma vida comum.

Destaques Positivos: Talking Jukebox é um hino. O mundo na perspectiva de uma jukebox parece uma loucura, mas funcionou magistralmente. Os libelos trabalhistas/sindicalistas Ten Times More, All You Fonies e The Last One relatam uma época de quando direitos melhores para trabalhadores eram uma luta constante. O disco fecha com a poderosa Dig a Hole, onde Woody dá umas dicas do que fazer com babacas asquerosos que querem tomar o poder para benefício próprio.

Destaques negativos: Eu entendi a proposta, mas senti falta do 100% Dropkick Murphys. Acho que vai levar mais um tempinho pra eu me acostumar com o formato totalmente acústico adotado no disco, mas o 9,5 não fica prejudicado por isso.

02 – Massive Wagons: TRIGGERED

Os melhores discos de metal de 2022 - Massive Wagons_ TRIGGERED!
Para fãs de ingleses com atitude.

Em 2017 eu estava virando o Spotify de cabeça para baixo atrás de alguma novidade empolgante. Como eu escrevi antes: eu não vivo de sangue coagulado.

 Demorou quase uma hora para eu topar com Ride On do disco Fire Up e foi um misto de “nossa, que música animal” com “mas que disco merda”. É sério, eu adorei a música de abertura do primeiro disco do Massive, mas odiei as outras 9. Eu estava dando a bando como caso perdido quando decidi dar outra chance, uma melhor de três.

E ainda bem que eu fiz isso e escutei Ratio, música que estava entre os 5 destaques da banda. Eu pirei nela e isso me levou até o animalesco Welcome to the World, terceiro disco da banda. Virei fã na hora.

Passado o susto do primeiro disco, Massive Wagons só tem álbuns ótimos na sua discografia e House of Noise, disco anterior, é um clássico. Acha que eu estou exagerando? Tá, me deixa fazer uma pergunta: como você define um disco disco de 12 músicas onde 11 são nota dez? 

Mas é lógico que isso poderia criar um problema e matar a expectativa, mas Triggered é o quinto acerto consecutivo.

Destaques positivos: eles fizeram de novo e das treze músicas, doze são absurdos. É difícil tirar um destaque mas A.S.S.H.O.L.E,  Triggered (as duas abordam a pandemia e mandaram um dedo do meio para os espertalhões antivax) Gone are the Days, Giulia, Big Time e Sawdust são joias na discografia de qualquer banda, mas quando a banda em questão é uma máquina de composição isso só mostra mais o quão absurdas essas músicas são dignas do 9,5.

Destaques negativos: Fuck the Haters (achei ela comum perto do resto) e o prazo de dois anos até sair o próximo disco.

Sabaton: The War to End All Wars

Os melhores discos de metal de 2022 - Sabaton_ The War to End All Wars
Para fãs de Power Metal e História.

Essa resenha eu vou ter que começar com um “senta que lá vem história”: o jovem Bernardo de 17 anos descobriu os suecos liderados por Joakim Brodén e Pär Sundström em 2007, quando estava no terceiro ano do ensino médio e a única aula que não lhe dava vontade de sair correndo era História. É sério, História sempre foi a minha disciplina favorita, pelo menos até eu começar a estudar direito penal, e Primo Victoria, primeira música que eu escutei deles, era sobre o Dia D. Eu virei fã torcedor do Sabaton naquele exato momento. 

Desde então, cada lançamento deles me enlouquece. Isso porque eu sei que além de escutar um Heavy Metal/Power Metal de primeira qualidade, eu vou aprender para caramba com as letras. 

É normal eu conhecer alguns temas abordados, mas esses caras são monstros na pesquisa literária e sempre trazem histórias desconhecidas.

Em 2022 eles lançaram o seu segundo disco abordando a Primeira Guerra Mundial  e desde o dia zero eu sabia que seria o melhor do ano.

Destaques Positivos: Tudo. Absolutamente tudo. Principalmente se pegarmos para escutar a versão History do disco, que traz vinhetas narradas contextualizando cada uma das músicas. Saravejo (cidade onde tudo começou), Stormtroopers (soldados treinados para invadir trincheiras), Dreadnought (maior navio de guerra daquele período), The Unkillable Soldier (dedicada ao casca grossa definitivo, Adrian Carton de Wiart), Soldier Of Heaven (dedicada os soldados mortos congelados nos alpes), Hellfighters (narra a historia dos soldados negros do 369º Regimento,  segregados e que se tornaram os mais bravos e reconhecidos da guerra), Race to the Sea (Sobre Albert I, Rei da Bélgica e sua luta nas trincheiras para mater o seu pais), Lady of the Dark (e se eu te contar que o soldado mais condecorado da Primeira Guerra e que atende pelo nome Milunka Savić é uma mulher?), The Valley of Death (nunca se matam com búlgaros furiosos), Christmas Truce (a nossa humanidade e bondade sempre vai vencer a atrocidade da guerra. SEMPRE) e Versailles (onde o tratado de término da guerra foi assinado) formam o repertório irretocável de 2022.

Destaque Negativo: Nenhum. Nota 10 com louvor.

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