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Portland Jail Blazers: crimes, vitórias e um pouco de falso moralismo

Você talvez se lembre daqueles filmes em que um time é formado na prisão, alguma obra cinematográfica de qualidade duvidosa envolvendo o Adam Sandler (bom, nesse caso, toda obra é duvidosa, já que o Adam Sandler é um ator bem medíocre, assim como o Nicolas Cage, ambos mais vontade do que talento. Cerca de 92,7% dos filmes envolvendo algum desses atores são ruins, fato cientificamente comprovado. A diferença é que o Adam Sandler agora resolveu fazer filmes “sérios” e não são de todo ruim, olha só que coisa! De repente ele deveria ter parado de tentar ser engraçado por volta de 2005. Acho que o Nicolas Cage poderia fazer o mesmo, de repente fazer uma comediazinha de humor quinta série ao invés de ficar pirando em tentar ser o Super-homem. Vixe, me perdi no tema, voltando…), bom essa é a história do Portland Trail Blazers na virada do milênio, um time que tinha de tudo um pouco, tudo menos monotonia.

Para começar, é preciso dizer que esse era um elenco de muita qualidade, a ponto de levar os eventuais campeões (simplesmente os Lakers de Shaq e Kobe que iriam vencer seu primeiro título juntos) até um jogo sete nas finais do Oeste em 2000. Estavam vencendo por 15 pontos faltando 10 minutos quando nenhum arremesso mais caiu e o time foi tragicamente eliminado.

Além dos membros mais cabeça quente e envolvidos em diversas confusões (mas não daquelas divertidas, tipo Sessão da Tarde), estavam no elenco Scottie Pippen, recém saído de 6 títulos com os Bulls e com uma passagem rápida e tumultuosa pelo Houston Rockets, e Arvydas Sabonis, considerado por muito o melhor jogador europeu (até então) da história do basquete, que no final da carreira veio tentar a sorte na NBA e rapidamente se tornou um dos melhores jogadores do time.

Portland Jail Blazers: crime, vitórias e um pouco de falso moralismo

Mas esses, apesar de não serem de personalidade pacata ou amigável (ou seja, não eram aquele jogador brasileiro queridaço, que comandava o pagode no fundo do ônibus e era amigo de todo mundo, tal qual Leandro Barbosa no Golden State Warriors) não foram nem de longe motivo de dor de cabeça para comissão técnica, companheiros de time e torcida. Ao contrário de alguns de seus companheiros que, basicamente uma vez por mês, apareciam em alguma reportagem de jornal aprontando uma. 

A confusão era tanta que o time ganhou um apelido, de Portland Trail Blazers (que numa tradução bem ruim é algo como “desbravadores de trilhas”, ou seja pioneiros, inovadores ou exploradores) viraram os Jail Blazers (jail é prisão em inglês e o nome traduzido não faria sentido). Alguns inclusive não chegaram a participar de nenhuma partida oficial e vários foram os pequenos incidentes envolvendo esse grupo. Por isso vamos nos limitar aos personagens principais dessa saga:

Damon Stoudamire

Portland Jail Blazers: crime, vitórias e um pouco de falso moralismo

O Mighty Mouse já tinha aprontado das suas durante o período em que esteve no então recém inaugurado Toronto Raptors, time pelo qual ele não nutria nenhuma simpatia. Mas foi nos Blazer que ele apresentou seu melhor basquete até então e realmente teve problemas com a lei.

Mas ao contrário de seus companheiros de time, os motivos de seus contratempos com a polícia foram bem besta. Damon estava em um carro com seu colega de time, Rasheed Wallace, quando foram parados pelos tiras (hehehehe). Ao sentir o cheiro de maconha, o policial perguntou se eles tinham o produtinho com eles. A resposta de Wallace foi clássica: não tinham mais, pois eles haviam fumado tudo”. Na verdade ainda tinha um pouco, resultado, prisão dos dois jogadores.

Em 2003 Stoudemire foi preso novamente em Tucson, Arizona, ao tentar entrar em voo com uma bela quantidade da substância já citada, mas seu envolvimento com a lei foi basicamente esse. Podemos dizer que ele foi o mais tranquilo do grupo.

Rasheed Wallace

Portland Jail Blazers: crime, vitórias e um pouco de falso moralismo

O supracitado Wallace era uma das estrelas do time e também era conhecido pelo seu temperamento explosivo dentro de quadra. Tanto que foi participante de um dos momentos mais infames da história da NBA, o Malice in the Palace, quando jogadores brigaram de soco com torcedores adversários (sorte dos torcedores que Sheed era do time da casa).

Mas apesar das detenções por porte de maconha, a má fama de Wallace na verdade vem da arbitragem. É possível dizer que existia uma perseguição ao jogador (que detém o recorde de faltas técnicas em uma temporada, 41 no total) por parte dos árbitros, tanto que em uma oportunidade ele recebeu uma falta por olhar para um juiz.

Também em 2003, Wallace foi preso por – supostamente – ameaçar um policial em um jogo de exibição para levantar fundos para uma ONG. Além disso, justiça foi feita quando uma dos maiores adversários de Rasheed, o árbitro Tim Donaghy, foi pego em um longo escândalo de manipulação de resultados que manchou a história da NBA. Já o jogador foi trocado para o Detroit Pistons, onde foi importantíssimo na conquista do título de 2004 e continuou sua carreira polêmica.

Zach Randolph

Portland Jail Blazers: crime, vitórias e um pouco de falso moralismo

Se Wallace era uma das grandes estrelas dessa equipe, um jovem Zach Randolph deveria manter o time no caminho das vitórias, mas não foi o que aconteceu. Pelo menos não em Portland, já que os melhores momentos de sua carreira aconteceram em Memphis – alguns anos depois – a ponto de ser adorado pela torcida e ter o número de sua camisa aposentado.

Mas no time de Oregon ele era mais conhecido como um enfant terrible. Em 2003 ele foi preso por dirigir embriagado e por posse de… Vou deixar você tentar acertar essa. Ele também se envolveu em brigas em boates e com colegas de time. Depois de acertar um soco em Ruben Patterson (vamos falar mais sobre ele daqui a pouco), o jovem Randolph se escondeu por dias na casa de amigos com medo de que o colega fosse revidar (dar uns tiros só, tudo bem tranquilo e dentro do tom).

Bonzi Wells 

Portland Jail Blazers: crime, vitórias e um pouco de falso moralismo

Outra promessa do time de 2000 que levou o Portland a beirada do título, Wells se tornou um jogador competente, não só dentro de quadra, mas na manutenção da fama problemática do elenco.

Em 2002, Bonzi foi preso por dirigir embriagado. No ano seguinte ele foi suspenso pela liga após agredir um árbitro (o que certamente alegrou alguns torcedores). Mas seu grande problema no time foi sua intensa disputa com os técnicos da equipe, em especial Maurice Cheeks, que foi o principal alvo da boca suja de Bonzi

Qyntel Woods

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A passagem do jovem Woods poderia ter sido folclórica. Afinal ele ficou conhecido por uma situação infame. Qyntel, depois de ser parado pela polícia e ter seus documentos requisitados, apresentou sua card de novato da NBA. Sim, ele apresentou uma cartinha com sua foto. Mais um preso pela maconha.

Porém, de alívio cômico, Woods se tornou vilão ao ser acusado de crueldade contra os animais por organizar brigas de cães em sua casa, o que levou a sua suspensão da liga e multa. Após mais incidentes, nada agradáveis, Qyntel foi expulso da NBA devido a seu comportamento e conduta fora das quadras.

Ruben Patterson

Portland Jail Blazers: crime, vitórias e um pouco de falso moralismo

Quando Ruben levou um socão de Zach Randolph, muita gente vibrou, afinal, certa justiça estava sendo feita. Ótimo defensor, Patterson era conhecido como o “Kobe Stopper”, mas sua fama como jogador ficou bem atrás de sua infâmia fora das quadras.

Em 2001, Patterson foi condenado por agressão sexual em uma situação anterior à sua chegada aos Trail Blazers e, em 2003, ele foi preso por agressão doméstica. Ou seja, situações graves de violência, bem diferente de consumir uma erva de forma recreativa, mas que a mídia da época fez com que todos os jogadores fossem colocados no mesmo balaio de atletas problemáticos.

Após tantas polêmicas, o Portland Trail Blazers fez uma limpa para tentar reerguer sua imagem perante o torcedor, trazendo jogadores de comprovada boa conduta, mas isso não significou vitórias, pelo menos não a curto prazo. Já a liga criou um código de conduta em que definia até que roupas os jogadores poderiam usar antes dos jogos.

Dessa forma, os Jail Blazers marcaram uma época, pois misturaram não só as polêmicas, mas um basquetebol de muita qualidade, tanto que muitos deles tiveram seus melhores momentos logo após serem despachados pelo time. Dores de cabeça e bons de bola, os Jail Blazers sem dúvida marcaram uma época.

Para mais conteúdos infames (ou não) sobre a NBA, acesse o restante do blog que, como cursou humanas, acredita que metade desses crimes citados nem deveriam existir.

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