Diferente de outros esportes coletivos em que – por mais que existam craques, estrelas e fominhas – não existe uma posição necessariamente mais importante que as outras (ainda mais quando elas podem ser intercambiáveis no meio da partida, um zagueiro pode partir para o ataque e fazer um gol, um pivô pode armar uma jogada e arremessar de 3), no futebol americano (também conhecido como soccer de mãos) isso não acontece e os times são reféns de uma mistura de sorte e competência na hora de encontrar o franchise quarterback (em bom PT-Br, quarto-zagueiro da franquia), ou seja, um jogador competente na posição.
E nas últimas décadas, essa posição que já era importante (basta acompanhar os filmes e séries adolescentes e seus QBs galãs de cabelos ao vento e jaquetinha varsity) percebeu seu protagonismo crescer ainda mais com a mudança de regras que valorizam ainda mais o ataque por passes em detrimento das corridas.
Tanto que nos últimos anos raríssimas foram as equipes que chegaram até o Super Bowl e que não possuíam um quarterback de elite. Das que venceram a grande final o número foi ainda menor (Brad Johnson com Tampa Bay Buccaneers em 2002, Nick Foles com o Philadelphia Eagles em 2016 e os QBs das vitórias do Baltimore Ravens Trent Dilfer e Joe Flacco em 2000 e 2012, respectivamente).
Por isso, as equipes sem um quarterback confiável estão sempre atrás da próxima grande estrela, que vai levar o time a inúmeras vitórias, evitando assim que seus torcedores tenham que usar um saco de papel da vergonha.
2023, a temporada que não começou (ainda)
O verão da NFL é sempre recheado de frases positivas e good vibes, os jogadores estão na melhor forma física de suas vidas, todos os técnicos são muito espertos e sabendo o que estão fazendo, e a torcida está cheia de esperança já que viu um tweet de um setorista qualquer dizendo que tal e tal jogador foi muito bem nos treinos.
Um grande número dessa esperança e positividade será esmagada pela realidade e entende-se realidade pela mediocridade da maioria dos times, principalmente a de seus jogadores mais importantes, os quarterbacks. Mas por enquanto estamos em uma fase positiva, a energia lá no alto, a esperança correndo solta pelos campos de treinamento.
Especialmente para aqueles times com QBs novatos, eles são as grandes apostas para diversos times encalhados. A seguir vamos elencar sete dos principais jovens nomes da posição e que podem ser os responsáveis por virar a maré de sorte de determinadas franquias (mas que provavelmente não serão).
Bryce Young, Carolina Panthers
O grande trunfo do novo quarterback do time das Carolinas é sua juventude (meu deus, de novo essa piada). Vinda da prestigiada universidade de Alabama, uma espécie de Bayern de Munique do futebol americano universitário, Young é conhecido pela precisão nos passes e por se mostrar um jogador pronto para jogar no nível profissional.
Com apenas 1,78 m (altura baixa em comparação aos atletas da posição), o jogador de apenas 22 anos se beneficia do fato de que outros QBs “baixinhos” já terem se destacado nas últimas temporadas, em especial Kyler Murray do Arizona Cardinals. Mas não se deixe impressionar pelo tamanho de Young, os especialistas foram quase unânimes em considerar ele o melhor QB dessa classe, uma espécie de Patrick Mahomes mini-craque.
E a equipe que o escolheu na primeira posição do draft deste ano também precisa que ele se destaque, afinal os Panthers apostaram boa parte de seu futuro em uma troca com o Chicago Bears para ter o privilégio de realizar a primeira escolha no draft e ficar com Bryce.
CJ Stroud, Houston Texans
Escolhido na segundo posição do draft, o jogador de Ohio State possui um físico mais comum entre os atletas da posição e teve uma carreira bem sucedida na modalidade universitária do esporte. E assim como Bryce Young, é bem jovem, está com 21 anos apenas.
Stroud vem com o objetivo de ressuscitar uma franquia morta em vários aspectos (inclusive nos uniformes que sempre foram horrorosos), em especial depois dos casos de abuso sexual por parte do antigo dono da posição (e que agora é problema do amaldiçoado time do Cleveland Browns) e das inúmeras trocas de técnicos e membros da comissão técnica, o que fez com que a equipe não tivesse nenhum tipo de continuidade na sua estrutura.
Jogador com bom passe e que de vez em quando pode se aventurar em uma corrida quando preciso, CJ deve disputar a titularidade com o veterano Dave Mills, que foi titular da equipe nos últimos anos, mas essa disputa vai ser mais uma campanha de relações públicas do que qualquer outra coisa e o novato deve começar a temporada como principal jogador da franquia de grandes chifres.
Anthony Richardson, Indianapolis Colts
Meu jogador preferido entre os quarterbacks novatos, o novo camisa 5 do time de Indiana
é aposta de um time que já teve Peyton Manning e Andrew Luck como seu QB número 1.
Depois de tentar a sorte com veteranos que não renderam o esperado, os Colts tentam uma renovação no elenco e Anthony é o jogador ideal para isso.
Com 1,93m de altura, braço forte e a habilidade de fazer umas corridinhas impacto na maciota, Richardson lembra outros nomes famosos como Cam Newton e Josh Allen, e apesar da inconsistência e inexperiência (apenas 13 partidas pela Universidade da Flórida), o QB escolhido na posição 4 do draft deve começar como titular na primeira semana.
Por ser um jogador ainda cru, Anthony ainda tem muito para progredir, os olheiros e especialistas acreditam que ele pode se tornar um dos melhores jogadores no nível profissional, mas para isso deverá melhorar alguns fundamentos, como a precisão nos passes, por exemplo.
Will Levis, Tennessee Titans
O fato desse jogador de Kentucky ter saído apenas na segunda rodada do último draft foi uma das grandes surpresas do evento, afinal Levis era cotado como um dos 3 melhores quarterbacks desse draft na opinião dos especialistas, porém não fez tanto sucesso com as equipes da NFL.
Essa queda pode representar, antes de tudo, uma quebra de paradigma. As franquias já não parecem tão enamoradas do quarterback padrão, quando escolheram nomes como Sam Darnold e Mitchell Trubisky (grandes prospectos, mas com características comuns da posição) antes de verdadeiros craques que mudaram o jogo, como Josh Allen e Patrick Mahomes.
Mas Levis, tem inúmeras qualidades que podem o levar a se tornar um ótimo QB no futuro, como o braço forte e a presença no pocket. Ele, que chega para ser reserva, poderá logo sentir o cheiro do gramado (a maioria é artificial) já que o titular dos Titans, Ryan Tannehill, já está em idade avançada (34 para um QB é ficar de olho na aposentadoria) e possui um vasto histórico de lesões. Podemos ver ele antes do esperado.
Hendon Hooker, Detroit Lions
Vindo da Universidade do Tennessee, Hooker era considerado um dos grandes nomes da posição que poderiam se tornar bons QBs profissionais, porém uma cirurgia no joelho o fez cair algumas rodadas no draft.
O QB vem para ser reserva e aprender com o titular dos Lions, Jared Goff, que faz seu trabalho direitinho, mas não causa nenhum “uau”. O time de Detroit foi uma das boas surpresas do campeonato passado, porém se derem um passo para trás Hooker poderá iniciar alguns jogos.
Stetson Bennett, Los Angeles Rams
Vindo da prestigiada Universidade de Georgia (se Alabama é um Bayern, Georgia é um Man City) Bennett chama a atenção pela idade. Com 25 anos ele é mais velho do que muitos QBs veteranos da NFL.
Assim como os exemplos anteriores (e os a seguir) ele vai entrar como um reserva de um veterano, no caso Matthew Stafford que levou a pouco a franquia de Los Angeles a vitória no Super Bowl, mas que sofreu com lesões na temporada passada e encara o precipício de seus 35 anos. Outro “baixinho”, o futuro jogador dos Rams é projetado como um jogador com uma longa carreira esquentando o banco
Aidan O’Connell, Las Vegas Raiders
O nome mais importante dessa turma de quarterbacks novinhos é o ex-jogador da Universidade de Perdue, afinal é o único deles que foi escolhido pelo glorioso Oakland Las Vegas (arrgh) Raiders.
São inúmeros os motivos que fazem dele um atleta para ficar de olho, o primeiro é que o titular da posição (e muso) Jimmy Garoppolo está sempre machucado. O outro é o bigodinho safado que ele insiste em usar, apesar de estar perto dos 25 (red flag como diriam os especialistas americanos).
Bochechudo, ele vem somar o grupo de quarterbacks que só não sofrerem bullying na escola por serem grandes fortes, junto com nomes como Ben Roethlisberger, Kyle Orton e Jay Cutler e possivelmente entrará logo em campo, dado o histórico de lesões de Jimmy G
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