Houve uma época, não muito distante, em que o Golden State Warriors era um dos piores times da NBA. De 1994 a 2012, eles participaram de apenas uma pós-temporada (que foi uma pós-temporada mágica, por sinal), e nos anos 80 eram basicamente coadjuvantes. Durante quase 30 anos eles amargaram um dos piores aproveitamentos entre os times da NBA. Os Warriors eram disfuncionais, trocavam de técnico com frequência, possuíam um ginásio antigo, e as glórias do título de 1975 haviam ficado bem lá atrás.
Porém, no meio desse deserto de decepções, houve um oásis, um oásis de curta duração, (apenas duas temporadas), mas que cativou os corações e mentes dos torcedores apaixonados pelo time, e mesmo daqueles que não o eram. Duas temporadas que passaram rápidas, assim como os integrantes desse time, que ficou conhecido com o Run TMC.
Os anos anteriores
Após o título de 1975, o Golden State Warriors passou por uma fase de vacas magras, conseguindo uma vaga nos playoffs em 1987. Mas essa boa fase durou pouco:, logo no ano seguinte a equipe demitiu o técnico George Karl e voltou ao ostracismo. Em 1988 eles contrataram o folclórico técnico Don Nelson, famoso pelo seu jogo ofensivo, de alta velocidade e pouca preocupação com a defesa. Porém, para executar essa estratégia de bola pra frente vamo que vamo, ele precisava dos jogadores certos, e eles foram recrutados um a um durante a década: Tim Hardaway, Mitch Richmond e Chris Mullin.
Chris Mullin
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| Chris antes de optar pelo visual personagem do Street Fighter |
Recrutado no draft de 1985 na sétima colocação, Chris Mullin já estava no time antes da chegada do técnico e já era o principal jogador do time. De carreira universitária prestigiosa, o ala do Golden State tinha o arremesso de longa distância como sua principal arma. Mullin era conhecido pela forma perfeita do arremesso, uma mecânica a ser estudada por aqueles que desejavam ser bons pontuadores, e por isso se encaixava perfeitamente na proposta do novo técnico. Para se ter uma ideia da sua qualidade, ele foi um dos doze integrantes do Dream Team, a seleção norte-americana que disputou as olimpíadas de 1992, em Barcelona.
Mitch Richmond
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| Foi conseguir seu título com o campeão dos campeões: Lakão da Massa |
Escolhido na quinta colocação do draft de 1988, Richmond era um jogador com uma proposta bem diferente da de Mullin. Enquanto o primeiro arremessava bem de longa distância, Mitch partia para cima como um carro desgovernado, atacava o aro e marcava presença com lances espetaculosos. O ala-armador dos Warriors se destacou rápido, o que lhe valeu vaga no time de novatos do ano.
Tim Hardaway
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| O filho joga na NBA, o nome é ousado: Tim Hardway Jr |
Tim era a peça que faltava. O pequeno armador (para padrões de basquete, já que ele tinha 1,83m) era responsável pelo basquetebol moleque, um basquete dibrador, toca me voy, e sua principal arma era o killer crossover, ou cruzada matadora, quando deixava seus marcadores perplectos. Com ótima visão de quadra, ele era responsável por servir seus colegas de time, mas era capaz de pontuar bem caso precisasse. Foi escolhido na décima quarta posição do draft de 1989.
Um time moderno no passado
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| Apesar dos olhos, quem fumava o cigarrinho que o passarinho não fuma era o técnico |
Para quem gosta da NBA atual, o Run TMC foi aquilo que o basquete se tornou, só que 30 anos antes: muita velocidade, arremessos de três pontos, vamo pra cima Grêmio (som de assobio), o que contrastava com o jogo da época. O time vencedor de 1989, o Detroit Pistons era basicamente tiro, porrada e bomba, uma espécie de basquete misturado com jiu-jitsu.
Na primeira temporada do trio, a equipe ainda estava se encaixando, e não ganhou o suficiente para chegar aos playoffs. Porém teve a maior média de pontos por partida (116), quase dois pontos a mais do que o segundo colocado na categoria, e vinte a mais que o último.
Na segunda temporada do trio, o time deslanchou e ficou em quinto na Conferência Oeste. Uma das promoções no ginásio da época era que se a equipe marcasse mais de 120 pontos, todos os torcedores ganhariam pizza grátis. Dá pra imaginar que foi um ano de prejuízo para o pessoal da pizza.
Na primeira rodada o Warriors venceu o favorito San Antonio Spurs por 3 a 1 (na época a primeira rodada dos playoffs era melhor de 5) e na segunda acabou sucumbindo para o Los Angeles Lakers, um time que corria bastante também e que ainda contava com membros do Showtime Lakers, time símbolo dos anos 80 e que foi campeão cinco vezes na década anterior. A comoção foi tanta, que em um dos jogos contra os Lakers quem fez o show de abertura foi o Run DMC. Mesmo assim, não deu para o time de Oakland, que acabaram derrotados por um time muito mais experiente.
Run DMC e a mistura que não deu certo (ainda)
O nome Run TMC surgiu em um concurso de um jornal local e foi uma escolha fácil:, a junção dos primeiros nomes dos principais jogadores, o jogo ofensivo em alta velocidade e o trocadilho com o grupo de rap Run DMC tornaram a equipe icônica.
Um dos primeiros super grupos de rap, o Run DMC era conhecidos pelos seus chapeuzinhos de catar ovo, tênis Adidas e por fazer a primeira mistura (há controvérsia) entre rock e rap, naquela que seria conhecida como a música que definiria as possibilidades para a música pop para o futuro, a parceria com o Aerosmith: Walk This Way.
O pessoal no passado, eles tinham boas intenções, juntar rock e rap, unir todas as tribos como fez o Norvana. Porém, mal sabiam eles que dessa mistura iria surgir, talvez, o pior tipo de música já criado pelo jovem raivoso branco, o Nu Metal. Por causa de uma música animadinha tivemos que suportar tocando nas rádios verdadeiras aberrações como Limp Bizkit, Linkin Park e Korn (notaram a quantidade de K’s? isso tem um motivo). Nunca perdoarei quem fez isso.
O fim do Run TMC
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| Os Warriors vão usar esse uniforme na temporada 22/23 em homenagem a era Run TMC |
Assim como surgiu, o Run TMC acabou. Logo após a derrota nos playoffs, o técnico e gerentão Don Nelson trocou Mitch Richmond para o Sacramento Kings (coitado). O time ainda voltou aos playoffs nos anos seguintes, mas logo se desmembrou. Saiu todo mundo, inclusive o técnico, e a carcaça dos Warriors se arrastou pelo final dos anos 90 (ao som de nu metal, um horror). O time só voltaria aos playoffs na temporada 2006-2007 quando Don Nelson retornou ao time, que ficou conhecido como o We Believe Warriors, mas esse é o tema para outro post.
