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The Last of Us: Naughty Dog e o seu jogo meia boca

(Esse texto estará crivado de spoilers)

É isso mesmo que vocês leram no título: eu passei dez anos achando que The Last of Us era só mais um jogo de zumbi genérico que desperdiçava um nome irado. Na minha cabeça, era o próximo passo de uma praga que havia contaminado a cultura pop há uns dois anos e que não tinha data para acabar. O sucesso de The Walking Dead tinha sido o pai grotesco dessa praga e a sua queda de qualidade, a mãe abominável.

Mas essa história é uma jornada do anti-herói que deve ser contada na íntegra. Ela começa com o meu preconceituoso “não joguei e odiei” e acaba na minha violenta redenção moldada por Joel, Ellie e Abby. 

Um gênero morto-vivo

The Last of Us: Naughty Dog e o seu jogo meia boca
Cena da série “Morto andandinho”

Em 2013, ano de lançamento do primeiro jogo, a indústria do entretenimento parecia ter assumido a missão de aniquilar o meu amor por George A. Romero, tamanha a enxurrada de conteúdo medíocre envolvendo zumbis. Nenhuma mídia tinha sobrevivido ao apocalipse zumbi. E quase que podemos usar a palavra “literalmente” aqui.

O cinema tinha acabado de ser impiedosamente agredido por Resident Evil 5, os quadrinhos eram assolados por mil imitações de The Walking Dead, que funcionava muito bem na sua mídia original, mas que apodrecia, fazendo uma metáfora dentro do próprio gênero, a olhos vistos na sua adaptação capitaneada pela Fox.

E nós tínhamos o deserto de lama que engolia os videogames. Left for Dead, Escape Dead Island, The Walking Dead Survival Instinct (e mais uma vez o dia foi estraçalhado graças a The Walking Dead), entre outros milhares de jogos pavorosos que arrastavam na lama o bom nome do gênero imortalizado por George.

Era praticamente impossível fugir desses mortos-vivos. Eles estavam em todo lugar, a todo tempo, sem previsão de haver mais lugar no inferno para eles. Pegaram a referência?

Eu tinha passado a minha adolescência assistindo clássicos como “A Noite dos Mortos Vivos”, “Madrugada dos Mortos” (as duas versões), “A Volta dos Mortos-Vivos”, entre outros. Filmes em que a metáfora dos zumbis era explorada por mentes criativas que sabiam muito bem como conduzir o tema. E se a nossa ganância tomasse conta dos nossos cérebros a ponto de nos desumanizar? É isso que bons autores souberam trabalhar. Vide a famosa cena dos zumbis roubando jóias que Romero imortalizou.

Mas o gênero virou moda e um monte de roteiristas medianos, para ser bonzinho nas palavras, só via criaturas mortas-vivas comedoras de céééééééééérebros, que se moviam lentamente e grunhiam enquanto vagavam sem rumo. 

Era o pior momento de um gênero que começou a ser moldado em 1954 por Richard Matheson no seu maravilhoso “Eu Sou a Lenda” (por favor, não julgar o pioneiro livro por causa do péssimo filme, estrelado por Will “Indignação Vingadora Seletiva na Hora e no Evento Errado” Smith). 

E foi nesse cenário que a obra de Neil Druckmann nasceu.

O que para muitos foi a salvação de um estilo, para mim foi mais motivo de raiva.

Eu tinha o meu Xbox 360 veterano de guerra nessa época e estava fascinado por Assassin’s Creed, Call of Duty, o primeiro Red Dead Redemption. Eu não tinha a menor vontade de comprar um PS3 naquele momento, mas assistia a tudo o que era gameplay no Youtube. Naquela época tinha um ou outro cara fazendo isso. Era um terreno novo e estranho para muitos: você vai ficar assistindo um sujeito jogar videogame por duas horas seguidas? Sim, eu vou.

Mas meu saco estava tão cheio de zumbis que eu fiz questão de ignorar tudo que tinha The Last of Us no título. Até o NerdPlayer do Jovem Nerd, que eu amava assistir – porque era super bem-humorado e não se levava nem um pouco a sério – eu fingi que não existia. E para meu azar, o Alexandre Ottoni amou o jogo e fez uns cinco episódios “daquela porcaria”.

Sim, eu fui preconceituoso para diabo com a história de Joel e Ellie. Fiz o que não se deve fazer: usei meu ódio para determinar as minhas escolhas. Esse foi o início de um período de quase dois anos onde eu não assisti, li ou joguei nada sobre zumbis. 

Mas tudo tem um fim.

Homem-primata, capitalismo selvagem

The Last of Us: Naughty Dog e o seu jogo meia boca
Resident Evil: jogo recria a carreira natimorta do The Calling

Hoje em dia eu vejo esse período como uma necessária reabilitação. Eu mergulhei em filmes de terror sobre fantasmas e casas assombradas, descobri “Sons of Anarchy”, minha série favorita da vida, li e reli uma pilha de gibis, joguei os dois melhores jogos que a indústria dos games nos deu: Red Dead Redemption e Assassin’s Creed Black Flag e parei de comprar The Walking Dead. Eu estava purificando meu corpo do Vírus G (jogadores de Resident Evil pegaram a referência) e estava me sentindo ótimo com isso.

Mas um dia a praga da vontade, acompanhada da oportunidade, faz você ter uma recaída.

Minha reaproximação com o gênero zumbi foi através de uma promoção das lojas Saraiva na primeira Black Friday que eu lembro de ter participado (e de ter ouvido falar que existia). A loja estava com até 70% de desconta na linha de games e eu estava querendo comprar alguma coisa inédita para jogar. 

Fui até a sessão de jogos, conversei com o meu amigo Rafael, que trabalhava lá na época, e comecei a ver a prateleira dos produtos em promoção. E lá estava ele, em toda a sua glória: Resident Evil 4 por R$ 39,90.

Ele fez parte de uma compra composta por um jogo, três livros, dois gibis e uma cópia de “Lazaretto” do Jack White, que é um discaço, fica a dica.

Assim que eu cheguei em casa, liguei o 360 e botei o fatídico reencontro para rodar. Adivinha o que aconteceu? Eu me diverti tanto jogando aquela coisa que eu fiz uma maratona de Romero naquela noite. 

Mas eu ainda não tinha criado coragem para voltar aos velhos hábitos e sair consumindo o conteúdo de zumbis, que estava descontroladamente vasto e mais porcaria do que nunca, em sua integralidade.

E eu vi que isso não ia mudar por um motivo simples: era só mais um subgênero. Eu me dei conta que, antes de The Walking Dead, o gênero zumbi era extremamente nichado, por isso tinha tão pouco conteúdo e esse conteúdo era majoritariamente de excelência. Quando ele virou conteúdo de massas, a coisa mudou porque todo mundo quis fazer algo dentro do gênero. 

Ou seja, ele tinha virado só mais um conteúdo em que o que era bom deveria ser filtrado e consumido. 

E nesse momento, podemos introduzir The Last of Us e minha relação com o jogo.

O último de nós

The Last of Us: Naughty Dog e o seu jogo meia boca
Objetivo do jogo é vencer uma eleição no DA de História

No início do texto eu falei que The Last of Us parecia a evolução da praga, e isso se dá por um motivo simples: marketing. 

A Naughty Dog havia aberto a carteira e praticamente criado um mercado próprio para o seu jogo. Eu não lembrava a última vez em que tinha visto um colecionável de um jogo, e esse tinha uns 10 em escala 1/6 e 1/10. Eu não me lembrava de jogos terem trailer, The Last of Us tinha uns cinco. E estamos falando do trailer do remake para PS4!

Como Resident Evil tinha limpado o gosto ruim da boca eu, finalmente, assisti gameplays do jogo. Mas vi no NerdPlayer, onde eles jogam trechos curtos, 25 minutos, no máximo meia hora, e sem muito da história, só da mecânica e de como o Azaghal é um jogador de dois modos, assim como eu: ou se arrasta no chão ou é o John McClane (Duro de Matar) com uma metralhadora. Essa piada é do meu amigo Lorenzo, créditos devidamente dados. 

Nessa pequena experiência, eu vi bons gráficos, um jogo baseado em logística de recursos, o Alexandre gritando “É O JOGO DA MINHA VIDA” a cada dez segundos e nem sequer um traço da lendária genialidade que eu tanto escutava.

Ele só parecia ser um bom jogo. Nada de mais.

Quando o segundo jogo saiu, em 2020, a coisa só escalonou. Eu vi os gameplays, mas só. Faltava três anos para o meu hiato acabar e eu ter um novo videogame. Os gráficos estavam melhores e a ação ainda mais violenta. Mas teve um detalhe que me deixou curioso: ninguém dava spoiler do jogo.

Os gameplays completos demoraram tanto tempo que eu perdi a vontade de assistir quando isso aconteceu. Mas a pulga atrás da orelha ficou: o que é tão bom para que o pessoal que vive de gameplay no Youtube recomende que você não assista os vídeos deles? Tão lucrando tanto que podem se dar ao luxo de rasgar dinheiro?

Era um mistério que levaria dois anos para eu solucionar através da série. Ou melhor, dá vontade de ver a série. 

Medo e delírio (pós Indiana Jones)

The Last of Us: Naughty Dog e o seu jogo meia boca
The last of barbeadores

Como nós estamos falando da indústria atual de filmes e séries, onde a falta de criatividade impera (leram o meu texto sobre Top Gun?), logo sabemos de uma adaptação de The Last of Us para alguma mídia live action.

Digo isso porque os boatos são sempre iguais, começam no cinema, passam para série e acabam em produções B com atores que precisam pagar os boletos e topam qualquer porcaria (“A Torre Negra” é um exemplo disso). 

Por meses, os sites nerds foram assolados por boatos, notícias desmentidas, chutes, adivinhações e técnicas de Mãe Diná que nem chegaram perto da verdade por trás da série que veríamos. Era clickbait atrás de clickbait para atrair a atenção dos fãs sem entregar nada que prestasse. Até o dia em que a HBO – em carne, osso e dados digitais – confirmou que ela seria a mãe do projeto. Mas nem isso me deu muitas esperanças. 

Ok, a emissora mãe de “Sopranos” (se você não assistiu, já está errado e eu te odeio. Não, não odeio. Mas vá assistir Sopranos!) seria a empresa por trás de The Last of Us. Mas também era a mãe de “Game of Thrones”, principalmente da última temporada, que faria a adaptação do jogo. 

Entenderam o meu dilema? Eu deveria ficar ou não animado com essa notícia? Sucessos recentes de público e crítica pareciam ter arrastado para um aterro sanitário distante aqueles pavorosos, horrendos e invernosos seis episódios. Mas até onde isso seria um fato?

Coube ao primeiro trailer, e seu maravilhoso uso de “Alone and Forsaken” do mestre Hank Williams, jogar os ânimos para o topo.

Foi lá que eu tive o sentimento que aquela adaptação poderia dar certo. Até porque, nem era uma adaptação para mim. The Last of Us não era nada para mim, tirando uns três ou quatro gameplays engraçados. Eu veria a série com meia dúzia de spoilers do primeiro jogo e olhe lá. Estaria entre a parcela do público que mal sabia que o segundo jogo existia. 

Claro, isso foi antes de uma noite de puro tédio onde eu escutei 70% do Nerdcast 737: The Last of Us: Desconfortável Obra Prima. Foi aí que eu tomei um caminhão de spoiler e escutei umas ótimas histórias pessoais.

É sério, eu via a relação das pessoas com os jogos e achei o máximo. Vamos lá, qualquer obra, seja filme, série ou jogo que mexa com as pessoas da forma como eu senti que o jogo mexeu com os participantes do podcast merece um mínimo de atenção. Mas, dentre todas as histórias que foram contadas lá, eu me identifiquei muito com do Lierson Mattenhauer: ele também ignorou forte o primeiro jogo por causa do excesso de obras merdas de zumbi da época, ao ponto de comprar o primeiro jogo e deixar ele lacrado por sete anos até, finalmente, jogar. Foi legal eu não ser o único preconceituoso. Haha. 

No dia em que a série estreou, eu e a Gianna* estávamos no meio de uma maratona de Indiana Jones. Ela nunca tinha assistido os filmes do Dr. Jones e eu tinha que corrigir este desvio de caráter.

Terminado “Indiana Jones e o Templo da Perdição”, trocamos do Youtube para a tv a cabo. Enquanto a Gianna olhava alguma coisa no celular, eu fuçava nos canais. E eis que me deparo com a dona HBO com sinal aberto em todos os seus canais. Eu lembrei que isso era normal, nos tempos de “Game of Thrones”: na estreia de novidades, sinal aberto para atrair assinaturas. 

 E bem na hora que eu constatei isso, o primeiro episódio de The Last of Us estava começando. Não tinha um minuto de sua estreia. 

Adivinhem o que eu fiz? Ignorei veementemente e assisti um episódio de “Blue Bloods” no Globo Play. Assistam “Blue Bloods”, tem o Tom Selleck e seu bigode.

Mas, eu já havia sido infectado pelo cordyceps e nem sabia.

Eu não sei bem o que me deu, mas eu tive uma vontade insana de assistir aquela série. É sério. Eu peguei meu celular e comecei a ver reviews sem spoiler do primeiro episódio, revi uma porrada de gameplays, escutei Hank Williams até quase comprar um chapéu de cowboy. Por algum motivo bizarro, eu queria muito ver Pedro Pascal e Bella Ramsey darem vida a personagens que eu não dava a mínima.

Pedro Pascal 🤤

The Last of Us: Naughty Dog e o seu jogo meia boca
Last of Us traz o retorno de um personagem querido: Paulão da Regulagem

Quando saiu o segundo episódio, eu comecei a minha missão de convencer a Gianna a assistir comigo. E isso se deu por um motivo muito simples: a Gi tentou jogar o primeiro jogo e não conseguiu porque os infectados a deixam terrivelmente agoniada. É sério, ela mal conseguiu assistir “Army of the Dead (Zack Snyder)” comigo. Tem qualquer coisa nos podres que andam que deixam ela estressada pra cacete. Os Estaladores atacando, os sons, a violência dos monstros fizeram ela largar o jogo antes mesmo da Tess morrer. 

Eu achei que ela não toparia assistir, então eu tracei uma série de argumentos muito bons para quando a negativa ao convite viesse. Todos os argumentos começavam com “tem o Pedro Pascal” e eles não serviram para nada quando ela topou na hora.

“Eu estou de boa, quem vai ser atacado é Pedro Pascal mesmo.”

Superado esse momento de calma emocional motivada pela carnificina alheia, fomos para a frente da tv e assistimos os dois episódios direto, sem respiro entre um e outro.

Vocês já assistiram alguma coisa e tiveram a certeza de que deveriam estar assistindo aquilo? Foi isso que eu senti quando os créditos do segundo episódio começaram a subir. Por sorte nós assistimos eles num sábado, nem ferrando que eu iria aguentar uma semana para ver o terceiro.

Eu fiquei de boca aberta com tudo: cinematografia, elenco, atuações, efeitos, sonorização. Mas tudo isso seria técnica vazia se não tivesse aquele roteiro primoroso. Eu não imaginava o quão próximo do game ele estava. Para mim, era só um roteiro de primeira que estava passando.

No fim da aula de roteiro intitulada “Por muito, muito tempo” eu já sabia que queria jogar The Last Of Us para ontem. A história de Bill e Frank foi tão absurdamente bem contada que me pegou pelo pescoço e me deu três socos na cara com toda a força.  Aquilo foi arrebatadoramente perfeito.

Eu sabia que era totalmente diferente do jogo, mas eu não ligava. O terceiro episódio de The Last of Us tinha sido a melhor coisa que eu tinha visto em série desde o ameaçador Jax Teller e seu visceral sorriso encerrarem a terceira temporada de “Sons of Anarchy”.

Era um roteiro no seu máximo. O auge de um contador de histórias, e estávamos no terceiro episódio! O que os outros seis guardavam?

Eu assisti “Por muito, muito tempo” três vezes quando bati o martelo do meu julgamento: a minha ansiedade era tamanha que eu não ia esperar. Eu ia procurar no Youtube um gameplay completo e assistir a droga do jogo todo. Eu estava pilhado no máximo, eu queimava borracha e gasolina, não ia esperar mais nem um minuto.

E foi nesse exato momento que o senhor destino decidiu pregar uma peça das boas.

Na sexta-feira, entre os episódios três e quatro, um amigo com sobrenome italiano me fez uma proposta que eu não pude recusar: ele ofereceu o PS5 dele com quase 300 jogos, com a conta e tudo mais por um preço inacreditavelmente baixo. Se não fosse o bom e velho Mateus eu nunca teria topado.

Qual foi a minha surpresa quando um dos jogos que tinha no pacotão era justamente The Last of Us. Por uma semana eu não tive outra atividade senão jogar. Eu jogava a cada segundo que eu podia, por horas sem parar. Eu só larguei o primeiro jogo quando os créditos encerraram a maior mentira desde o “Não” de Michael Corleone. Eu devorei The Last of Us com uma gana ferina. 

Sabem qual foi a minha constatação: é um baita jogo, incrível, mas eu não via a obra-prima. Era muito acima da média, mas era mais curto do que eu imaginava e certas mecânicas do gameplay – não poder pular e o arco e flecha ter uma mira de merda, por exemplo – atrapalharam um pouco a minha experiência.

Não era o último de nós (se tem uma parte II)

The Last of Us: Naughty Dog e o seu jogo meia boca
Em The Last of Us parte II sabemos o que aconteceu com a carreira da Mallu Magalhães (ou seria da Clarice Falcão?)

Mas ainda havia uma montanha para escalar: The Last os Us Parte II estava no meu radar e eu não ia perder ele de vista.

Eu consegui emprestado com o já citado Lorenzo e não perdi tempo: logo depois de assistir o quinto episódio da série (sim, eu virei o primeiro jogo rápido assim) eu comecei as 25 horas de angústia, desespero, dor, luto, ira e ódio que compõem o roteiro do magistral The Last of Us Parte II.

 Aqui sim eu via obra prima que tinham me prometido por uma década. Joel, Ellie, Abby, Tommy e os outros personagens entregaram tudo o que foi prometido: profundidade de personagens, história impactante, momentos de fazer você morder o pé da cadeira de tão tensos, ação desenfreada e descargas de pura adrenalina. 

Eu já tinha visto muito filme de terror na vida, mas era a primeira vez que eu jogava um. A narrativa cinematográfica do jogo era um grande passo para quem estava sem videogame desde 2014. Foi um morteiro na boca do estomago.

The Last of US II é um colosso como poucos.

Eu terminei o segundo jogo quando os episódios oito e nove estavam saindo. Foi estranho acabar a primeira parte sabendo o que a segunda traria. Foi realmente estranho ver o fim “positivo” do primeiro jogo sabendo o estrago que a Abby iria causar no futuro.

Neil Druckmann falou que o primeiro jogo é sobre o sentimento do amor. E eu falo para vocês, isso não é bom. O amor pode causar efeitos difíceis de explicar em pessoas que não o sentem por muito tempo. Joel resume isso muito bem. 

Neil também falou que o segundo jogo é baseado no sentimento da raiva. E eu falo para vocês: isso é pior ainda. Pessoas que vivem na raiva por muito tempo perdem a bússola moral e a tragédia fica a uma curta distância. Abby percorreu uma maratona de rancor e ódio por causa disso.

Contemplar a primeira parte chegando ao fim foi muito forte. É um daqueles momentos que você é espectador de uma obra que está mudando paradigmas. As adaptações de jogos nunca mais serão as mesmas depois de uma demonstração tão absurda de excelência.

Assim como os jogos não foram o mesmo depois de um jogo tão absurdo como esse.

 A minha jornada com o “jogo meia boca da Naughty Dog” foi por si só uma viagem e tanto. Ela começou com raiva e terminou com muito carinho pela obra original para videogame. Ela fez o caminho reverso dos seus personagens, que foram uma companhia e tanto nessa jornada maluca que levou dez anos para ser completada. 

Honestamente, eu não sei mais o que escrever. Acho que eu consegui passar bem os sentimentos que The Last of Us me fez ter. A última coisa que eu posso falar é: essa é a história de como The Last of Us ganhou mais um defensor.

*Nota do editor: essa menina vai para o céu

Para mais histórias de como alguém sem nenhum tipo de coordenação motora ganhou uma espada (romance que chama) e de como a sociedade ainda sobrevive, acesse o restante dos artigos do autor.

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